De acordo com as teorias da física, da quântica especialmente (aliás, física quântica, costumo brincar, é um dos três ou quatro assuntos sobre os quais pouco ou nada sei), o tempo não existe isoladamente, senão que integrado com o espaço (isso não é tão moderno assim, admito, o conceito conjugado de espaço-tempo, ao que me consta, é anterior às formulações de Einstein. Já li algo a respeito!). De outra parte, admite-se a possibilidade de dilatação ou de "anulação" do tempo, com a superação da velocidade da luz. Mas, é melhor parar por aqui, está ficando muito confuso, e não quero apanhar de nenhum físico.
De qualquer forma, admitindo-se, para efeito de raciocínio, que o tempo não existe ou que ele pode ser dilatado/anulado, ficamos numa sinuca de bico (sinuca é tema que passa ao largo dos meus interesses), pois, se cronos é ficção ou pode ser anulado, é justo que eu queira sustar seus efeitos e que reclame de volta a energia dos meus 30 anos (dos 40, vá lá), o meu cabelo farto e longo, a barba preta, o colágeno da minha pele sem vincos e a paixão pela vida, aí, incluídos dois ou três amores juvenis. E nem vou falar dos Beatles, do Pasquim ou da poesia derramada nas mesas dos bares nas madrugadas febris da minha juventude. Vocês, amigos leitores mais atilados, apesar da confusão, já perceberam onde quero chegar (eu é que não sei bem). A ideia era abordar (sou um cronista como os demais) o final do ano (sem preocupação com retrospectivas ou balanços) e a chegada do novo ano, com suas promessas de renovação das esperanças.
Comecemos pelo que finda: em 2018, nossas vidas e nossas frustrações estiveram no olho do furacão. Dos prosaicos buracos das ruas de nossa cidade aos desequilíbrios planetários (ambientais, climáticos, sociais, políticos, econômicos), tudo nos atingiu, tudo nos angustiou, tudo nos pôs em permanente sobressalto. Governantes perigosamente amalucados, países que se veem como se fossem o centro do universo, sociedades embaladas pelo canto de sereias fajutas a mercê dos tacões dos salvadores da pátria. A sensação é de que não avançamos, até retrocedemos, no projeto de construção daquele antigo sonho de que um dia será possível transformar o planeta Terra na pátria da humanidade. Sem fronteiras, sem divisas, sem muros e sem canhões. O fato é que, acelerador de partículas e bem-sucedidas experiências com tele-transporte à parte, o tempo passa cada vez mais rápido e é implacável. Há quem sustente que nós é que passamos pelo tempo mais rapidamente, em razão dos nossos envolvimentos e das nossas intensas atividades cerebrais e intelectivas.
Sei lá, mas que o tempo parece voar, parece. E tanto é assim que, num piscar de olhos, se foi mais um ano. Logo, nos flagraremos dizendo outra vez: como passou rápido! Está na hora da física quântica dar um jeito nas coisas, senão, se bobear, quando eu terminar a crônica, será quase 2020. E, mais um pouco, serei apenas cinza e memória. Enquanto isso não ocorre, ufa!, dá tempo de desejar a todos um ótimo Natal e um felicíssimo 2019. Com muita paz, muita luz, muita saúde e menos pressa, muito menos correria. Na vida - urge acreditar - há (um) tempo para tudo.